Cantora tenta dar tom confessional e revolucionário a novo trabalho e consegue algumas boas canções
A experiência advinda dos (poucos) anos na indústria, além dos problemas de saúde que a afastaram da música por alguns meses, para uma cirurgia no quadril, parecem ter colocado mais chão aos pés de Lady Gaga. No novo álbum, "ARTPOP", a cantora ainda tenta soar revolucionária e recorre à arte na tentativa de buscar profundidade ao seu trabalho - a capa, por exemplo, é assinada pelo artista americano Jeff Koons, que decompôs a tela O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli.
A experiência advinda dos (poucos) anos na indústria, além dos problemas de saúde que a afastaram da música por alguns meses, para uma cirurgia no quadril, parecem ter colocado mais chão aos pés de Lady Gaga. No novo álbum, "ARTPOP", a cantora ainda tenta soar revolucionária e recorre à arte na tentativa de buscar profundidade ao seu trabalho - a capa, por exemplo, é assinada pelo artista americano Jeff Koons, que decompôs a tela O Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli.
Lady Gaga abusa da sua excentricidade na divulgação do disco "ARTPOP", em letras maiúsculas mesmo
Mas as pretensões da artista são bem mais modestas do que as mostradas em "Born This Way", de 2011, cuja a própria chegou a intitular como álbum da década. Talvez seja por isso que o disco surpreenda e remeta mais ao trabalho de estreia, "The Fame", de 2008; este sim, um dos melhores do gênero, até o momento, neste século.
Logo na primeira faixa, "Aura", Gaga convida: "você quer dar uma espiadinha debaixo da coberta? Você quer ver a garota que vive por de trás da aura?". Aos mais curiosos, adianto: não há nada que você já não tenha "visto" desta garota anteriormente, mas isso não quer dizer que esta não será uma experiência agradável.
Em "G.U.Y", que tem potencial para marcar presença nas pistas durante os próximos meses, a cantora mostra que é possível às mulheres estarem no controle, mesmo parecendo submissas. "Não preciso estar no topo para saber que sou procurada/Porque sou forte o suficiente para saber a verdade", diz.
Gaga mostra estar mais sexual do que nunca em "ARTPOP", e a faixa "Sexxx Dreams" leva isso ao extremo, em versos como "quando eu deito na cama, eu me toco e penso em você". A música tem uma pegada anos 80 e mistura trechos cantados com outros falados e sussurrados. Está facilmente entre as melhores faixas do disco.
O flerte com o R&B é certeiro em "Do What You Want", em parceria com o rapper R. Kelly, e que rendeu performance no American Music Awards 2013 tão boa ao ponto de ser comparada à de "Paparazzi", do VMA 2009, uma das melhores da carreira da cantora. "Então faça o que quiser/O que quiser com meu corpo", determina.
O mesmo acerto não existiu em "Jewels ´N´ Drugs", em parceria com os rappers T.I, Too $hort & Twista. Só os "Little Monsters" - apelido carinhoso dado pela cantora aos fãs - mais dedicados vão ouvir essa faixa uma segunda vez. Na próxima ocasião em que Gaga quiser misturar pop e hip hop, é bom que pegue algumas dicas com Katy Perry e sua "Dark Horse", do também recém-lançado álbum "Prism".
Na metade do disco, uma pausa para a faixa-título, "ARTPOP", canção leve demais e que não acrescenta muito à discografia da cantora. É exatamente o oposto da música-tema do álbum anterior, alçada a hino gay - aquela em que ela foi acusada de plagiar "Express Yourself", da rival Madonna. A própria Gaga admite: ´eu não queria que ela (ARTPOP) crescesse demais. Queria que hipnotizasse as pessoas, e que virasse meio que um mantra, onde digo que poderíamos pertencer juntos".
O disco volta à linha com "Swine" e suas batidas eletrônicas que devem agitar muita balada mundo afora. Na canção, Gaga vomita insultos: "você é apenas um porco dentro de um corpo humano". A crítica, dizem, foi para Perez Hilton, blogueiro norte-americano que volta e meia troca farpas com a cantora, especialmente no Twitter. Gaga nega. Diz que a música, que seria bastante pessoal, fala sobre uma das mais problemáticas e desafiantes experiências sexuais de sua vida.
"Donatella", música em homenagem à amiga pessoal Donatella Versace, estilista e dona da grife italiana, é a materialização de tudo o que Gaga pregou sobre a união de moda e música. "O que você quer vestir nessa primavera? O que você acha que é a novidade? O que você quer vestir nessa estação?", canta. A batida dançante desperta o lado fashionista de qualquer um. A vontade é de trocar todo o guarda-roupa, de preferência, enchendo-o de Versace.
Quase no fim do disco, antes dos "aplausos", velha conhecida do público nos últimos meses, vem a melhor música do álbum, e que se junta a "Paparazzi" e "The Edge of Glory" como uma das melhores da carreira de Gaga: "Gypsy". Começa devagar, mas ganha corpo e explode em uma mistura empolgante de ritmos. "Amor, para sempre/Você iria comigo?/Para sempre/Ver o mundo comigo".
O álbum é comercializado em duas versões; ambas com a mesma quantidade de músicas. A diferença é que a versão mais completa vem acompanhada de um DVD com a apresentação de aproximadamente uma hora que Gaga fez no iTunes Festival, no último dia 1º de setembro, quando performou oito canções do novo trabalho.
Lady Gaga até que tem suado para divulgar o novo trabalho. Foram dezenas de entrevistas e performances em vários países, entre eles Alemanha e Japão; e uma festa de lançamento realizada em Nova York, em que a cantora chegou vestida em uma de suas mais novas experiências fashion: um vestido voador.
Apesar de tanto esforço, "ARTPOP" anda patinando nas vendas. Teve bom início, com saída de 260 mil cópias na primeira semana, um dos melhores resultados do ano, mas amargou uma enorme queda na segunda semana: vendeu 82% menos cópias do que na semana de estreia. O desempenho é ainda pior se comparado ao de "Born This Way".
Turnê
Ontem, a cantora divulgou as datas da primeira fase de sua nova turnê, chamada de "artRAVE: The ARTPOP Ball Tour". As 25 apresentações terão início no dia 4 de maio, em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos; e seguem até 21 de julho, em Los Angeles.
Desta vez, Gaga iniciou a turnê pelos Estados Unidos, já que o país praticamente não assistiu ao show anterior, devido ao cancelamento das apresentações por conta da cirurgia de quadril da cantora. Ainda não há informações de apresentações da turnê em outros continentes.
DIEGO BORGES EDITOR DE CAPA WEB
Disco
ARTPOP
Lady Gaga
Universal
2013, 15 faixas
R$ 29,90
Mas as pretensões da artista são bem mais modestas do que as mostradas em "Born This Way", de 2011, cuja a própria chegou a intitular como álbum da década. Talvez seja por isso que o disco surpreenda e remeta mais ao trabalho de estreia, "The Fame", de 2008; este sim, um dos melhores do gênero, até o momento, neste século.
Logo na primeira faixa, "Aura", Gaga convida: "você quer dar uma espiadinha debaixo da coberta? Você quer ver a garota que vive por de trás da aura?". Aos mais curiosos, adianto: não há nada que você já não tenha "visto" desta garota anteriormente, mas isso não quer dizer que esta não será uma experiência agradável.
Em "G.U.Y", que tem potencial para marcar presença nas pistas durante os próximos meses, a cantora mostra que é possível às mulheres estarem no controle, mesmo parecendo submissas. "Não preciso estar no topo para saber que sou procurada/Porque sou forte o suficiente para saber a verdade", diz.
Gaga mostra estar mais sexual do que nunca em "ARTPOP", e a faixa "Sexxx Dreams" leva isso ao extremo, em versos como "quando eu deito na cama, eu me toco e penso em você". A música tem uma pegada anos 80 e mistura trechos cantados com outros falados e sussurrados. Está facilmente entre as melhores faixas do disco.
O flerte com o R&B é certeiro em "Do What You Want", em parceria com o rapper R. Kelly, e que rendeu performance no American Music Awards 2013 tão boa ao ponto de ser comparada à de "Paparazzi", do VMA 2009, uma das melhores da carreira da cantora. "Então faça o que quiser/O que quiser com meu corpo", determina.
O mesmo acerto não existiu em "Jewels ´N´ Drugs", em parceria com os rappers T.I, Too $hort & Twista. Só os "Little Monsters" - apelido carinhoso dado pela cantora aos fãs - mais dedicados vão ouvir essa faixa uma segunda vez. Na próxima ocasião em que Gaga quiser misturar pop e hip hop, é bom que pegue algumas dicas com Katy Perry e sua "Dark Horse", do também recém-lançado álbum "Prism".
Na metade do disco, uma pausa para a faixa-título, "ARTPOP", canção leve demais e que não acrescenta muito à discografia da cantora. É exatamente o oposto da música-tema do álbum anterior, alçada a hino gay - aquela em que ela foi acusada de plagiar "Express Yourself", da rival Madonna. A própria Gaga admite: ´eu não queria que ela (ARTPOP) crescesse demais. Queria que hipnotizasse as pessoas, e que virasse meio que um mantra, onde digo que poderíamos pertencer juntos".
O disco volta à linha com "Swine" e suas batidas eletrônicas que devem agitar muita balada mundo afora. Na canção, Gaga vomita insultos: "você é apenas um porco dentro de um corpo humano". A crítica, dizem, foi para Perez Hilton, blogueiro norte-americano que volta e meia troca farpas com a cantora, especialmente no Twitter. Gaga nega. Diz que a música, que seria bastante pessoal, fala sobre uma das mais problemáticas e desafiantes experiências sexuais de sua vida.
"Donatella", música em homenagem à amiga pessoal Donatella Versace, estilista e dona da grife italiana, é a materialização de tudo o que Gaga pregou sobre a união de moda e música. "O que você quer vestir nessa primavera? O que você acha que é a novidade? O que você quer vestir nessa estação?", canta. A batida dançante desperta o lado fashionista de qualquer um. A vontade é de trocar todo o guarda-roupa, de preferência, enchendo-o de Versace.
Quase no fim do disco, antes dos "aplausos", velha conhecida do público nos últimos meses, vem a melhor música do álbum, e que se junta a "Paparazzi" e "The Edge of Glory" como uma das melhores da carreira de Gaga: "Gypsy". Começa devagar, mas ganha corpo e explode em uma mistura empolgante de ritmos. "Amor, para sempre/Você iria comigo?/Para sempre/Ver o mundo comigo".
O álbum é comercializado em duas versões; ambas com a mesma quantidade de músicas. A diferença é que a versão mais completa vem acompanhada de um DVD com a apresentação de aproximadamente uma hora que Gaga fez no iTunes Festival, no último dia 1º de setembro, quando performou oito canções do novo trabalho.
Lady Gaga até que tem suado para divulgar o novo trabalho. Foram dezenas de entrevistas e performances em vários países, entre eles Alemanha e Japão; e uma festa de lançamento realizada em Nova York, em que a cantora chegou vestida em uma de suas mais novas experiências fashion: um vestido voador.
Apesar de tanto esforço, "ARTPOP" anda patinando nas vendas. Teve bom início, com saída de 260 mil cópias na primeira semana, um dos melhores resultados do ano, mas amargou uma enorme queda na segunda semana: vendeu 82% menos cópias do que na semana de estreia. O desempenho é ainda pior se comparado ao de "Born This Way".
Turnê
Ontem, a cantora divulgou as datas da primeira fase de sua nova turnê, chamada de "artRAVE: The ARTPOP Ball Tour". As 25 apresentações terão início no dia 4 de maio, em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos; e seguem até 21 de julho, em Los Angeles.
Desta vez, Gaga iniciou a turnê pelos Estados Unidos, já que o país praticamente não assistiu ao show anterior, devido ao cancelamento das apresentações por conta da cirurgia de quadril da cantora. Ainda não há informações de apresentações da turnê em outros continentes.
DIEGO BORGES EDITOR DE CAPA WEB
Disco
ARTPOP
Lady Gaga
Universal
2013, 15 faixas
R$ 29,90